O mercado de trabalho
Os resultados das nossas sondagens nos levam a hipótese de que o número considerável de cursos que surgiram nos últimos anos tem, naturalmente, forçado uma expansão do mercado local, seja para absorver a demanda dos egressos dos nove cursos oferecidos, seja pelos avanços percebidos a cada dia, com o considerável aumento do nível de consciência do empresariado local sobre a importância da atividade para a manutenção da qualidade dos relacionamentos com seus públicos estratégicos e todos os benefícios provenientes da imagem positivada por um processo de relações públicas numa organização.
Apesar dos notórios avanços citados, entretanto, é muito comum no meio da comunidade de Relações Públicas escutarmos queixas de insatisfação e/ou a respeito da sensação de desvalorização da profissão por parte de empresários e governantes, o que, a nosso ver, já faz parte do discurso identitário do profissional de relações públicas e do habitus da categoria.
Em relação aos concursos públicos específicos para a área de RP realizados no estado, levantamos através de pesquisa documental que as organizações que costumam oferecer vagas regularmente são as Forças Armadas (na Marinha e no Exército), a Polícia Militar, a Petrobrás e a Embrapa.
Também a partir das pesquisas documentais descobrimos que a profissão de relações públicas se instituiu na Bahia muito antes da chegada dos cursos de graduação, uma vez que, como veremos mais a frente, a Seção Baiana da Associação Brasileira de Profissionais de Relações Públicas foi fundada 11 anos antes da implementação do primeiro curso, o que nos leva a constatação de que neste período já existia uma considerável atuação de profissionais no mercado, num estágio tal de mobilização, a ponto de instituir uma seção local da associação nacional da categoria.
As emergências dos discursos dos profissionais entrevistados que atuam na vertente de mercado também nos coloca diante da constatação de que a categoria tem o hábito natural da queixa e da reclamação sobre a sua condição de profissional não-reconhecido socialmente. Entre as queixas mais recorrentes podemos destacar: (1) retração do mercado; (2) falta de reconhecimento social; (3) desconhecimento das empresas sobre a profissão; (4) falta de uma atuação mais significativa das entidades representativas de classe; (5) disputa de mercado com os jornalistas; dentre outras.
Vale ressaltar, entretanto, que nem tudo são queixas e reclamações, emergiram dos discursos vários aspectos positivos, tais como: (1) reconhecimento de que o mercado está em franca expansão; (2) há cada vez mais opções para qualificação na área; (3) o mercado local tem carência das atividades privativas de RP; dentre outras.
Acreditamos que o mercado baiano, de fato ainda é bastante retraído. Contudo, não há como negar que está em franca expansão e a cada dia ganha espaço, sobretudo, nas organizações governamentais e não-governamentais (sem fins lucrativos).
Sobre as queixas em relação às entidades representativas de classe, de fato, como veremos no tópico a seguir, os profissionais baianos têm mesmo razão para reclamar, não obstante a situação precária que se encontram ser, em grande parte, culpa da sua própria falta de consciência de classe e desarticulação. A Bahia tem atualmente em torno de 1.400 Bacharéis em Relações Públicas, uma vez que a pesquisa realizada pelas colegas Patrícia Silva, Suylan Fukumaru e Thaíse Mascarenhas (Unidade Bahiana de Ensino, Pesquisa e Extensão – Unibahia) como trabalho de conclusão de curso levantou que, até o final de 2004, 1099 profissionais de relações públicas foram formados na Bahia. O fato é que apesar de termos em torno de 1.400 (mil e quatrocentos) profissionais formados, no último levantamento a que tivemos acesso (julho de 2005) a Bahia tinha apenas 153 profissionais registrados no Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas (CONRERP) e destes 153, apenas 69 estavam em dia e 84 inadimplentes.
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